caracterização dos resíduos sólidos gerados na
fabricação de sanitários ecológicos
Cruz Júnior,
Carlos Alberto1; Souza, Leandro
de Conto2; Santos, Sócrates Lins2
Resumo:
Este trabalho teve como objetivo
estudar os resíduos sólidos gerados na linha produtiva de sanitário ecológico da
indústria Universo Ambiental LTDA, localizada na cidade satélite de Sobradinho,
em Brasília-Distrito Federal. Foi realizada identificação e análises qualitativa
e quantitativa dos resíduos sólidos gerados a partir do processo industrial de duas
unidades sanitárias, uma simples e outra para portadores de necessidades
especiais. De acordo com a identificação e análises foram realizadas
classificação e proposição de gerenciamento com o intuito de promover a
redução, a reutilização e a reciclagem dos resíduos sólidos da indústria, evitando
riscos ao meio ambiente e à saúde pública.
Palavras-chave: Composição gravimétrica; Lixo; Processo industrial.
1) Centro Universitário de Brasília - UniCEUB, Presidente da Comissão de Gestão Ambiental; (2) Universo Ambiental Indústria e Comércio LTDA; SEE, Quadra 11 Lote 16 Sobradinho-DF; contato@cleanstation.com.br
INTRODUÇÃO
Quando se propõe a
disciplinar o tratamento e a disposição final de resíduos sólidos de Indústrias,
emergem problemas como a falta de planejamento integrado e articulado entre os
diversos agentes envolvidos e a dificuldade de encontro da melhor estratégia de
trabalho para levantamento dos resíduos produzidos. São principalmente,
armazenados em depósitos, quando não são encaminhados para lixões ou
depositados nas margens das estradas ou em terrenos baldios (KRAEMER, 2007). A consequência imediata deste horizonte retrata-se
na destinação dos resíduos feita quase sempre de forma inadequada. O manuseio, acondicionamento, armazenagem, coleta, transporte e destinação
final dos resíduos, devem estar fundamentados na classificação dos resíduos
sólidos gerados no processamento industrial. Conforme a classificação são definidos
os controles necessários em todas as fases envolvidas no processo (ROCCA,
1993). De
acordo com a Lei No 12.305, de 2
de agosto de 2010 que institui a
Política Nacional de Resíduos Sólidos, em seu capítulo 3
seção 1 artigo 25, compete ao gerador de resíduos sólidos a responsabilidade
pelos resíduos gerados. O não cumprimento desta recomendação poderá implicar em
multas consideráveis e ações judiciais, podendo haver inclusive o embargo do
empreendimento.
Diante da necessidade em dar destino
responsável aos resíduos sólidos gerados na produção de Clean Station® Sanitários Ecológicos, buscando o atendimento da legislação vigente e
fazendo exercer a função sócio-ambiental da empresa, esta pesquisa apresenta o
levantamento quali-quantitativo dos resíduos sólidos gerados e proposições de
gerenciamento.
MATERIAL E MÉTODOS
A classificação dos resíduos foi realizada segundo a norma
ABNT NBR 10004:2004. Ocorreu no mês de outubro de 2011, na unidade industrial
da empresa Universo Ambiental Indústria e Comércio LTDA, localizada em
Sobradinho-DF.
Realizou-se identificação macroscópica dos resíduos gerados
(figura 1) de acordo com as matérias-primas, os insumos e o processo que lhes
deram origem, os quais foram coletados diariamente até a conclusão das unidades.
A divisão em categorias e subcategorias bem com a quantificação
por meio de pesagem foi realizada logo após a identificação do material durante
o processamento industrial de duas unidades de Clean Station®, sendo
uma unidade sanitária modelo masculino/feminino e outra para portadores de
necessidades especiais (figura 2).
Figura 2. Vista anterior das unidades sanitárias
Clean Station® modelos masculino, feminino e portadores de
necessidades especiais.
A proposição de gerenciamento foi realizada de
acordo com o grau de periculosidade dos resíduos e a comparação destes com
listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é
conhecido.
Resultados e Discussão
A peso global dos resíduos analisados foi de 67,44 Kg, o
que corresponde à 5,67% do peso gasto com matéria prima (1200 Kg), evidenciando
o baixo desperdício no processo industrial das unidades sanitárias. Verificou-se na tabela 1 que todos os
resíduos são classificados na classe II e a maior parte dos resíduos gerados é
de metais ferrosos os quais devem ser separados na origem e estocados em baias
para venda como reciclável. O descarte de papel deverá ser realizado em caixas
de papelão e subdividido em misto (com cola) e limpo (sem cola), para melhorar
a classificação do papel sem cola na reciclagem, consequentemente melhorando a
receita oriunda desse resíduo. A pesar
da pequena quantidade de poliestireno encontrada na amostra o mesmo deverá ser
reinserido no ciclo de produção por ser um material inerte quimicamente, não ser
biodegradável, não desaparece no ambiente e não conter gás CFC. O plástico sem
cola deverá ser separado do plástico com cola que juntamente do papel com cola constituem
o rejeito industrial.
Tabela 1. Caracterização, quantificação e classificação dos resíduos
gerados na produção das unidades de Clean Station®
Resíduo
|
Origem
|
Peso (Kg)
|
Valor (%)
|
Classificação
|
Alumínio
|
acm; piso; latas;
embalagens
|
19,90
|
29,53
|
Classe II
|
Ferro
|
discos; embalagens;
aparas; aço carbono; prego; outros
|
13,80
|
20,43
|
Classe II
|
Papel Misturado
|
jornal; papel cartão;
manual; embalagens; flyer; adesivos
|
0,88
|
1,31
|
Classe II
|
Papelão
|
caixas
|
6,10
|
9,05
|
Classe II
|
Limpeza
|
saco rafia; flanela;
pano; lã de aço
|
0,40
|
0,58
|
Classe II
|
Aparas
|
pó de ferro
|
7,00
|
10,39
|
Classe II
|
Madeira
|
cabo vassoura;
caixa
|
11,00
|
16,32
|
Classe II
|
Poliestireno
Expandido
|
placas; embalagens
|
1,50
|
2,23
|
Classe II
|
Espuma
|
embalagens
|
0,36
|
0,53
|
Classe II
|
Plástico sem cola
|
sacola; garrafa;
copo
|
1,10
|
1,63
|
Classe II
|
Plástico com cola
|
revestimento do
acm; fita adesiva; revestimento do
alumínio
|
5,40
|
8,01
|
Classe II
|
Conclusões
1)
A maior parte dos resíduos obtidos no processo de
fabricação de Clean Station® podem ser facilmente separados e
destinados à reciclagem, com geração de receita para a empresa.
2)
Ao se obter conhecimento dos resíduos sólidos gerados,
pode-se tomar medidas de controle e segurança e otimização dos processos produtivos
obtendo economia de insumos e matéria-prima.
3)
Para a implementação da política de gerenciamento de
resíduos sólidos da indústria, as demais áreas que estão dentro do sítio
trabalhado devem ser mapeadas.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. Classificação
de resíduos, NBR 10004. Rio de Janeiro, 2004.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a
Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998; e dá outras providências.
ROCCA, A. C. C. Resíduos
Sólidos Industriais. CETESB. São Paulo-SP, 1993.